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Chegamos ao fim do ano e como sempre a realização da Festa do Ausente é motivo de debate entre os cidadãos de Malacacheta. Desta vez, além das atrações que virão e da quantidade de dias de festa, também foi discutido o local de sua realização, se na Avenida ou no Parque de Exposições.
Eu, apesar de achar que a festa na rua tem certo “charme” penso que o local mais adequado seria mesmo o Parque. Mas, tomei a iniciativa de fazer uma enquete no Facebook perguntando qual local seria de preferência da maioria. Quase 800 pessoas votaram e 77% escolheram que a festa deveria continuar na avenida.
Parece que o poder executivo, que havia aventado a possibilidade da mudança, resolveu ouvir a maioria. Porém, é quase unânime a crítica antecipada de que a festa não será boa, por causa das atrações de peso que não poderão ser bancadas pela prefeitura em crise financeira, devido ao atraso no repasse de verbas do estado.
Mas eu me pergunto e estendo a quem me lê a seguinte pergunta: - Qual o real propósito da “Festa do Malacachetense Ausente?”
A meu ver é provocar um encontro dos filhos da cidade que moram em outras localidades, com seus familiares, amigos e simpatizantes da terra, para juntos confraternizarem nas festividades de fim de ano.
Os ausentes não deveriam deixar de prestigiar a cidade da qual gostam tanto e os da terra deveriam se esforçar para receber bem os visitantes, independente do nível midiático das atrações.
Como diz meu amigo “Didi de Jóia”, genro de João de Bernardino:
- Magoo, eu faço questão de vir em toda festa do ausente. Poderia estar em outro lugar, mas não quero deixar morrer o vínculo e as amizades que tenho em Malacacheta.
Foi com esse espírito, que em 1989, foi criada pela Maçonaria com o apoio da Prefeitura a “Festa do Malacachetense Ausente”, com uma estrutura mínima, mas que se transformou num grande sucesso.
As pessoas enfrentavam lama na estrada para vir à festa, criavam camisetas alusivas ao evento e um locutor durante o dia, fazia brincadeiras ao microfone como ‘’Recadinhos’’, enquanto as pessoas disputavam torneios de baralho e esportivos, ou conversavam, bebiam e ouviam música.
Por que Malacacheta não pode fazer uma festa diferenciada, valorizando os talentos regionais, como, Edvânia Sousa, Nalto Freitas, Ivan e Paulinho e outros, sem gastar recursos que o município não tem e mesmo assim agradar a maioria?
E não estou aqui a defender o prefeito, que diz não ter recursos para bancar uma festa com celebridades do nível da Festa do Peão. O que não dá é para torcer contra, simplesmente, por razões políticas. Afinal se a festa for boa, todo mundo sai ganhando. Então antes de sair criticando, talvez fosse melhor compreender o acerto em não gastar agora, o que não se pode e esperar que se corrija daqui em diante o curso e o orçamento destinado a festas.
Analisando o calendário festivo de Malacacheta de décadas atrás, observamos que na época, as grandes festas que tínhamos eram resultantes de datas festivas da Igreja como a “Semana Santa” e a “Festa do Divino”, de datas especiais como o “Reveillon” e de eventos culturais como o “FESCAMA (Festival da canção)”.
Todas essas festas aconteciam por manifestação do próprio povo, gastando um mínimo de dinheiro público, como por exemplo, no Festival da Canção, onde a Prefeitura ajudava a bancar, mas gastava pouco, pois se cobrava entrada e a atração trazida era de expressão regional.
Embora na época a situação de nossas estradas fosse bem pior do que hoje, a cidade era inundada por visitantes de várias cidades vizinhas. Pessoas de outras cidades também vinham a Malacacheta por causa do SOLCLUBE, dos Restaurantes Berimbau, Don-Ki-Chop, Tutuca´s Bar e até pela Lagoa do Aleixo (que tempos atrás fora explorada comercialmente).
Na década de 90, as coisas começaram a mudar. A Igreja Católica contribuiu para a decadência da parte festiva da Semana Santa, já que o pároco da época não concordava com as tradicionais barraquinhas de bebida e som. Barraquinhas essas montadas, na maioria das vezes por estudantes, para angariar recursos para a formatura ou um passeio à praia.
Essas barraquinhas foram substituídas por barraquinhas comerciais, que vendem toda sorte de mercadorias, de procedência às vezes duvidosa, prejudicando o comercio local que tinha na Semana Santa, seu segundo melhor período de vendas.
Anos atrás, em Belém do Pará, durante a maior festa religiosa do Brasil, a cidade publicou em revistas semanais o seguinte slogan “Sírio de Nazaré, venha pela fé, fique pela festa”.
Ou seja, reza quem quiser e também festeja quem quiser. O importante é gerar divisas para a cidade sem que isso desrespeite suas tradições.
Assim, com menos visitantes de fora. o SOLCLUBE fechou suas portas, o BERIMBAU e o Dom-Ki-Chop também. A sociedade malacachetense, então, ficou com pouca opção de vida noturna.
A meu ver, a cidade errou quando desprezou suas festas típicas e culturais, sua vida noturna e a vocação mesmo que pequena para o turismo.
É hora de tentar corrigir, começando pela disposição em fazer uma bela Festa do Malacachetense Ausente, prezando pela organização e segurança.