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O ano era 1982. O Engenheiro Agrônomo Vítor Manuel Pinto Bettencourt, que até então trabalhava na Fertilizantes Heringer, em Teófilo Otoni, resolveu investir em Malacacheta. Comprou terras e se estabeleceu no município juntamente com a família.

Nascido em Cabo Verde, ex-colônia de Portugal na África, tinha cidadania portuguesa e assim, ficou conhecido entre nós como "o Português". Sua esposa Fátima, essa sim, nascera em Portugal.

Integraram-se completamente a comunidade malacachetense. Vítor chegou a ocupar cargos na prefeitura durante as gestões de Odilon Campos e Joanísio Freitas. Fátima trabalhou na agência do BEMGE, hoje Banco Itaú.

Seus quatro filhos, Kico, Celso, Catia e a nossa "Conterrânea pelo mundo" desta edição, Christianne Bettencourt, cresceram em Malacacheta.

Os irmãos mais velhos de Christianne foram se mudando de Malacacheta, aos poucos, para cursar faculdade. A família se mudou definitivamente, anos depois, para Ouro Preto, deixando para trás amigos e muita saudade.

Mais tarde, Fátima se mudou para a Irlanda e Vítor para Portugal. Christianne ficou no Brasil, onde teve seu primeiro filho, hoje com 16 anos.

Quando se separou do pai de seu filho, resolveu morar com a mãe, que na época, trabalhava na Panasonic e fora transferida da Irlanda para Cardiff, capital do Pais de Gales (que juntamente com Inglaterra, Escócia e Irlanda do Norte formam o Reino Unido). 

Segundo ela, falta de segurança e de oportunidades foram fatores decisivos na decisão de se mudar do Brasil. 

Christianne conta que a mãe e ela se apaixonaram por Cardiff. Uma cidade relativamente pequena, mas com todos os recursos de uma capital e com ótima segurança. 

Já nos primeiros meses teve apoio e foi muito bem recebida pelos moradores. O filho, na época com três anos já ingressou logo na escola. Apesar das dificuldades com a língua, com tempo e paciência, isso deixou de ser problema. 

Seu filho, (que hoje encontra-se no Brasil, com o pai no estado do Rio de Janeiro, fazendo ‘’Intercâmbio’’ de um ano), se adaptou muito bem e isso contribuiu muito para sua adaptação também. 

Fez cursos para Trabalhar com Crianças "Especiais" e Psicologia Infantil, para crianças menores de cinco anos. Na época trabalhava em um Café local, onde sua mãe era gerente.

Depois foi supervisora de um Pub, onde aprendeu mais a se relacionar com pessoas. 

Começou a fazer faculdade de Assistência Social, mas não chegou a terminar. Porém, tendo qualificações na área, há cinco anos começou a trabalhar com idosos com problemas mentais e físicos. Teve muitos pacientes com Alzheimer e Parkinson. Trabalhava cuidando deles em casa, geralmente aqueles que moravam com a família e precisavam de assistência extra. 
Hoje trabalha em um lar para idosos e deficientes. Diz que aprende todos os dias, e não se vê fazendo outra coisa.

Neste meio tempo também se formou para cabeleireira e agora em setembro começa a especialização em cores. Quer continuar fazendo seu trabalho de cuidadora e cabeleireira juntos. 

Christianne tentou voltar para o Brasil em 2013. Ficou cinco semanas, mas não se acostumou e voltou para Cardiff. Diz que o país está muito diferente de quando foi embora em 2004. Contudo, pretende voltar sempre ao Brasil, para rever os amigos e seus irmãos Cátia, Engenheira Geóloga em Belo Horizonte e kiko, que mora em São Paulo e trabalha em laboratórios, na área de saúde. Celso se mudou para o Reino Unido há uns três anos.

Christianne teve outro filho, hoje com nove anos. O pai é português e mora na Eslováquia. O garoto vive passeando pela Europa.

Perguntei se o Brexit, decisão do reino Unido de se separar da Comunidade europeia, tinha interferido em sua vida.

Ela disse que não, porque tem passaporte português, já mora há mais de 10 anos por lá, tem todos os direitos de um britânico e sua mãe já está até aposentada. Ademais, seu namorado é do País de Gales, mas, mora no Qatar, é engenheiro aeronáutico e trabalha para o governo daquele país. 

Assim, futuramente se alguma coisa piorar por causa do Brexit, diz ela: "Quem sabe não me mudo para o Qatar?! Afinal o mundo é muito grande pra ficarmos parados em um só lugar não é?".

É... Definitivamente Malacacheta não poderia mesmo segurar Christianne.

 

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