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Uma nuvem de poeira se levanta ao longe na estrada. Não é assim densa. Também ainda não é intenso o blem blem de cincerros e polacos. Vão se adensando aos poucos, poeira e som, enquanto as dezenas de animais das tropas de GERALDO RASLAN se aproximam da cidade.

Geraldo e seus peões de tropa entrarão pela Rua de Cima e descerão até ao armazém de AGOSTINHO CACHOEIRA, bem na esquina da hoje Rua Tristão Couy com a Praça Fortunato Mendes. Era ali o principal centro de distribuição destas mercadorias que se espalhariam pelas vendas e lojas da cidade.

Estamos nos anos 40. Automóveis ainda não chegaram à cidade e o outro moderno meio de transporte - o trem - passava longe, na pequena Valão. Por isso as tropas, por isso GERALDO e seus peões. Só eles, viajando centenas de léguas até o porto de Vitória, no Espírito Santo, podiam garantir que nada faltasse em Malacacheta.

À medida que avançam para seu destino final, os moradores se enchem de anseio e alívio. Anseiam pelas novidades que estariam chegando e sentem alívio de saberem que, por um bom tempo, a cidade estará provida dos gêneros e produtos básicos e essenciais. Afinal, não é tudo que nela se produz.

De alguma forma, era preciso que chegassem ferramentas e instrumentos de trabalho. Era no lombo daqueles animais que chegavam o sal, o açúcar, a farinha de trigo, as bolachas de pacote, o macarrão e outros alimentos industrializados. Homens e mulheres aguardavam pelas chitas, o morim, a casemira, as linhas e agulhas para suas roupas. As moças esperavam o carmim, o batom, o pó de arroz, o perfume, o sabonete que as enfeitariam e perfumariam para os flertes. Os rapazes esperavam por charutos e cigarros de papel que ostentariam em ocasiões de gala. Todas as miudezas possíveis vinham assim. Espelhos, correntes, pentes, creme dental, isqueiros...

No lombo dos burros das tropas de GERALDO RASLAN, também chegava cultura e conhecimento. Traziam alguns poucos livros, os cadernos, os lápis, a tinta para as canetas...

Era no lombo daquelas tropas que chegava a certeza de que o povo de Malacacheta estaria bem servido e confortável. Apesar de tudo. Geraldo e seus peões passaram anônimos em nossa história!

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