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Continuemos com nossos olhos e ouvidos do passado pelas imediações da rodoviária.
  É uma tarde especial de domingo. Haverá corridas de cavalos. Muito da pouca população de Malacacheta se perfila ao longo da pista que, hoje, podemos visualizar na rua nova aberta da saída do Junco até a esplanada da rodoviária. Nesta esplanada, onde hoje se ergue o casario da Rua Belo Horizonte, Rua.., a linha de chegada é em um curral circular. Melhor dizendo, uma arena. Em
todo canto, uma roda de casais com seus filhos pequenos ou adolescentes. Moças que olham de esguelha para jovens futuros pretendentes a consorte que se pavoneiam por ali em suas roupas domingueiras.
  O toque de um berrante alvoroça a multidão. Vão começar as corridas. Todos acorrem para o mais próximo possível da linha de chegada, deixando caminho para os ginetes que virão. São fazendeiros da cidade trazendo para as exibições seus novos cavalos de lida. Animais rápidos e fortes treinados para cercarem reses desgarradas e de, com as patas firmemente fincadas no chão, mantê-las imobilizadas pelo laço amarrado ao distorcedor da sela.
  Um segundo toque de berrante anuncia o início do primeiro páreo. E lá vêm eles. Quatro ginetes equilibrados nas selas de corcéis correndo a rédea solta. A multidão aplaude, grita, incentiva com a felicidade de quem teve com que se divertir numa cidade com mínimas opções de lazer.
  É um páreo tira-teima. Estão correndo os vencedores de competições anteriores para comprovação do cavalo campeão. À frente, uma mancha branca pintalgada de marrom com um cavaleiro baixinho firmemente postado na sela. É MOSSORÓ, o campeão dos campeões, desafiado, mas nunca vencido nem mesmo por cavalos vindos, a propósito de derrotá-lo, dos municípios vizinhos. O cavaleiro é BRASILINO SOARES DOS SANTOS, idealizador de tal folguedo. Igualmente, o maior vencedor entre os vencedores.
  Atingem a linha de chegada e esbarram os animais bem rentes à arena.
  A mesma arena em que CLÓVIS VAZ e JUAREZ RAMOS, com a colaboração de nossos criadores, arriscavam-se frente às guampas de reses bravias. Foram nossos primeiros toureiros. E o faziam por puro gosto e para divertimento do povo. A mesma arena em que BRASILINO SOARES DOS SANTOS também se exibia para a população montando e domando animais bravios em domingos sem páreos.